Eu pensei que tinha razão quando usei a razão
Mas tinha uma emoção no meio do caminho
E o encontro das duas se deu debaixo de chuva
E eu me desfiz em enxurradas de desconhecimento
Qual das duas? As duas, às vezes nenhuma
Às vezes sou pássaro, às vezes sou lua
Às vezes sol Sol, às vezes sou rio
Às vezes sou pedra, às vezes sou folha
Às vezes sou vento, às vezes sou nuvem
Às vezes sou flor, às vezes sou cinzas
E às vezes sou azul
Muitas vezes sou nada sendo eu mesmo
Ou tento ser outro para tentar ser tudo
Mas prefiro o nada, no qual se pode por
Um pássaro, a lua, o sol, um rio
Pedras, folhas, vento, nuvem
Flor, cinzas, tudo num fundo azul
E mesmo a escuridão é feita de nada
Que no fundo é um tudo sem a luz

Brinca uma estrela com a menina dos olhos
Na retina a paisagem de onde nunca fui
E o que eu nunca fui for ser bom em ser coisas
Talvez em imaginar coisas tenha sido bem razoável
Então imagino infâncias espalhadas pelos campos
E dedos de criança borrando a linha do horizonte
E meninos brincando alegremente com destinos
E meninas que vão tecendo pacientemente sinas
Imagino beijos que as horas dão nos momentos
E os desejos que dançam com os sentimentos

E sei que brinca a vida no quintal do tempo
Desfaz aqui um instante, monta ali um momento
Enche de encantos uma hora mais oportuna
E num papel sem fim desenha o rosto da eternidade

E a Poesia que tudo invade voa na imensidão
Dizendo que quem tem razão é a emoção
E que a grande emoção é fazer uso da razão
Mas qual das duas? As duas, ou nenhuma
Ou talvez alguém que te dê a mão
E caminhe contigo essa estrada
E dê razão à emoção...
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 19/05/2010
Reeditado em 07/08/2021
Código do texto: T2265813
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