Prosa: Primeiros passos à Flor Serrana

Em um dia desses, dentre tantos comuns,

Onde brilha sol em meio ao azul do céu, frescor do ar,

Compõem a simplicidade, que para alguns,

Como eu, já é dia plausível para apreciar.

Sabia que se subisse a Serra descobriria,

Talvez me surpreendesse, ou me assustasse,

Se não fosse até lá ver, jamais saberia,

Talvez pelo simples acaso jamais a encontrasse...

E a encontrei, lá sozinha, firme na terra,

Na baixada de uma montanha, “onde transitam viajantes”.

Primeiro contato, curiosidade singela que se encerra...

Pouco senti dela, pouco a toquei naqueles instantes.

Veio a escuridão da noite... Voltei ao lar,

Privaram-me do sono os tantos pensamentos

A Flor da Serra está agora à mercê do luar,

Viva, na madrugada, recebendo os quatro ventos...

Sete dias... Subi a Serra novamente...

Aquelas pétalas, aquele perfume,

Uma voz me chamava carente,

A voz dela... Subi aquele mesmo cume.

“...prefiro que leve minha vida em teu olhar...”

Sim, estou certo de que foi o melhor que fiz...

“...do que beijar-te agora e nunca mais te beijar...”

Não a colhi,não me atrevi e não foi porque eu não quis...

Esperei mais um tempo pela Bela Flor Serrana,

Desejava suas pétalas abertas para meu cuidar,

...subi a Serra para colhê-la depois de mais uma semana,

Estava linda, fértil, sem espinhos, pronta para replantar.

Viva feliz em meu vaso de amor... Livre, ao vento,

Para quando quiser ser levada longe de meu coração,

Quiser sentir outro calor, tiver outro intento,

A natureza há de zelar por ti com atenção.

Flor Serrana!Por mim seus atributos são admirados,

Seria um pecado não te fazer feliz...

Enquanto quiser, enquanto estivermos apaixonados,

Fique no meu vaso e mantenha forte tua raiz!

E se findam os cantos e assim prossegue o tempo real em relato:

- Em um dia desses,marquei encontro com ela...

Comum? Sim,afinal homens mulheres buscam...

A princípio, aos humanos olhos, não era tão bela,

hoje nem sei explicar como meus olhos ofuscam.

Primeiro contato, abraço discreto, beijo no rosto,

prosas defendidas em uma escuderia oponente.

Mostrava-se independente,expondo ideal a gosto...

Do fundo dos olhos me chamava à alma carente.

E me fui dali... Em casa, a noite refletia o dia,

como quem filosofa acerca da vida, do social,

como quem resolve problemas de ideologia:

“Devo vê-la novamente? Ela é especial?”

...passaram-se dias, em meio a isso subi para “a Serra”,

“Inexplicavelmente” pela terceira vez consecutiva.

O que vai tanto fazer lá? O que há naquela terra?

A pergunta de meus chegados tinha resposta intuitiva.

...Ela me esperava lá, linda, simples assim, fácil de ver,

pelo menos para mim, fácil de querer ali estar.

-“O Tal observatório, lá no alto, quero conhecer”

“Pode ser?”... -Sim... Subimos e subimos até chegar...

Junho, mês das festas, dos “arraiás”, sons por toda parte,

sons que eram ouvidos de lá de cima de onde estávamos.

Era alto o lugar, ótimo para conquistar, pra quem tem a “arte”...

...Ali já sabíamos que nos queríamos, que nos gostávamos...

O abraço envolto ao seu corpo fez-me como quem colhe uma flor,

querendo certamente, naquela altura, mais que ver e tocar,

fez-me querer inalar o perfume com prazer, com amor...

Agradável é a fragrância de uma "Flor Serrana”... Quis lhe beijar!

Sob o sol que nos iluminava no alto daquele observatório,

Eu podia ouvir, mesmo entre os sons "juninos" ao nosso redor,

o som do palpitar de meu coração, que com atenção era notório,

pulsando acelerado, inclinando meu corpo ao delírio maior...

E que primeiro beijo formidável! O tocar de nossas bocas

foi um brinde inicial aos outros muitos beijos que trocamos,

cheios do bom vinho dos amantes...não como taças ocas

Distinto de tudo que já vivi antes...Somos jovens e nos amamos!

Rafael L. Ribeiro

LEAFAR
Enviado por LEAFAR em 15/05/2010
Código do texto: T2257948
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