Apresentação - a vida e a morte

Por Eliz Moraes

Busco na vida o bálsamo que cure feridas... Nada encontro, senão o veneno e a morte.

E assim vivo, sempre me machucando e não há o que mudar nisso.

A todo o instante sinto chagas se abrindo em mim.

Não digo que estou conformada ou que o meu sofrimento seja insolúvel, mas não se curam feridas com navalhas.

Por isso internei meus pensamento para se ausentarem de mim por um tempo, e nessa dor que ainda me sangra eu me encontro inconsciente, tentando sobreviver aos instantes mais loucos da minha vida neste eterno manicômio.

Hesito, tentando achar algo que se possa fazer, mas sei que não há. Devo ficar aqui, mesmo embalada em lágrimas; estando assim, abominável ao “novo mundo”, aquele que me disseram que existia. Por muito tempo caminhei e caminhei para nunca chegar ao paraíso que me forjaram.

A eliminação da dor era uma possibilidade, até que a “vida” mudou as regras deste meu jogo.

Sonhos não existem na mente de quem é consciente da dor que o mundo sente.

Todos se encontram doentes, com a alma morta; me parecem cadáveres adiados (é o que somos) com semblantes assustados. Meus olhos veem, mas meu corpo não sente, até que esta dor me invade lentamente. A sensação é de centenas de agulhas me penetrando ao mesmo tempo.

Tremo quando meus olhos tentam registrar milhares de almas morrendo. Vê-las nesse estado vai além da imaginação...

Mas, calma! São poucos os ferimentos (que aparecem), enquanto por dentro, seus órgãos estão se deteriorando... é impressionante como elas conseguem estar em pé o que já está podre, a insensibilidade não os deixa sentir o próprio cheiro que fede. Estão mortos há tempos.

Mas, viver é uma necessidade que eu própria não quero e não preciso surtir. Para mim, chega de fingir o que sinto! A dor é maior e quero que todos vejam, pois, apesar de tudo, ainda me sinto forte para aceitar a realidade.

Realidade de morte e veneno, pois a vida já me enganou o suficiente. Ela sim é triste e, agora que já passou, descanso com quem é verdadeira: a morte; ela sempre esteve em mim... e eu, sempre com essa necessidade de viver, não a aceitei. Porém, hoje a abraço junto ao corpo para que todos vejam que a tenho e sempre a tive em mim.

Eliz Moraes
Enviado por Krummel em 14/05/2010
Reeditado em 10/08/2011
Código do texto: T2257137