Como posso eu?

Como pode o pássaro desejar esquecer como voar?

Como pode o peixe desejar esquecer como nadar?

Como posso eu, desejar desaprender a amar como sei, incondicionalmente.

Morro um pouco a cada tentativa de ser o que não sou

Tentando proteger minha inocência infantil

Como pode a montanha desejar não ser vista?

Como pode o vento desejar não ser notado?

Como posso eu, em minha humilde insignificancia

Acreditar que posso fazer algo contra a vontade de Deus

Contra minha propria natureza Dele herdada?

Contra mim mesma?

Sinto-me em estado febril, adulterada

Buscando caminhos de maior relevancia.

Como pode a água desejar não romper barreiras?

Como pode a luz não desejar mostrar o que pode revelar?

É como pedir ao Sol que não aqueça.

Pedir a chuva que não molhe.

Pedir a lágrima que não desafogue o coração angustiado.

Sinto-me em estado de convulsão, totalmente confusa em meio ao turbilhão de sentimentos.

À passos largos e imprecisos por uma estrada repleta de ramificações.

Lane Miotto
Enviado por Lane Miotto em 13/05/2010
Reeditado em 07/07/2010
Código do texto: T2254786
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