Como posso eu?
Como pode o pássaro desejar esquecer como voar?
Como pode o peixe desejar esquecer como nadar?
Como posso eu, desejar desaprender a amar como sei, incondicionalmente.
Morro um pouco a cada tentativa de ser o que não sou
Tentando proteger minha inocência infantil
Como pode a montanha desejar não ser vista?
Como pode o vento desejar não ser notado?
Como posso eu, em minha humilde insignificancia
Acreditar que posso fazer algo contra a vontade de Deus
Contra minha propria natureza Dele herdada?
Contra mim mesma?
Sinto-me em estado febril, adulterada
Buscando caminhos de maior relevancia.
Como pode a água desejar não romper barreiras?
Como pode a luz não desejar mostrar o que pode revelar?
É como pedir ao Sol que não aqueça.
Pedir a chuva que não molhe.
Pedir a lágrima que não desafogue o coração angustiado.
Sinto-me em estado de convulsão, totalmente confusa em meio ao turbilhão de sentimentos.
À passos largos e imprecisos por uma estrada repleta de ramificações.