Silêncios de Outono

A verdade é delicada.

Não tenho oliveiras, nem flautas,

e a manhã do meu rosto é testemunha muda

do infinito que roubo à montanha,

quando por dentro dela me infiltro

nas trilhas dos sonhos.

Gosto dos cânticos escavados na alma,

e dos silêncios divisíveis em perfume

e sinais que não apontam caminhos,

mas resgatam a esperança.

Assim o tempo de um outono sem flautas,

mas, em cada regresso,

já um jarro d'água na varanda

dá o firmamento aos bem-te-vis.

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