Dei de colecionar angústias
Em belas caixas coloridas,
Um inútil disfarce...
Mania essa de olhar para dentro,
Essa tristeza de coisas desconhecidas
Reina ali quase que despercebida.
Ah! Viver é um grande disparate!
Mesmo que eu desbarate o velho baú,
Repositório de emoções sortidas,
Ainda me sobra um tanto de dor,
Dentro dessas caixas coloridas.
 
Ah! Inútil disfarce...
Minhas máscaras de sorrisos
E meus olhares absortos,
Minha paciência para ouvir
Tanta história desconexa.
Dói lá dentro uma ferida,
Sangram-me sentimentos.
A falta que tudo me faz
E que seria repleto de beleza,
Não fosse toda a cegueira
De quem anda na escuridão.
Ainda me sobra um tanto de pena
Por tudo não ser outra coisa qualquer,
Qualquer coisa que a ser viesse,
Qualquer coisa que quisesse querida,
Se ao menos qualquer um soubesse
Do grande disparate dessa vida.
 
Ah! Inútil disfarce
Desgaste de palavras perdidas,
De poemas mudos, esquecidos,
Dentro dessas caixas coloridas
Meus sonhos esmorecidos...
 
Que o tempo então me mate,
Isso vai ser só mais um disparate!
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 12/05/2010
Reeditado em 08/08/2021
Código do texto: T2252847
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