Flores curiosas
E elas olharam viçosas para o dia que não chegava nunca.
E mesmo assim da janela espiaram a passagem da noite e
do que acreditavam ser melhor do que nada.
Curiosas esperavam o 'tudo de bom'...
O bem e a razão.
A justiça, o perdão.
Quem sabe o novo dia , no jardim bem cuidado , abriria um botão?
Que fosse de rosa , de cravo ou mesmo daquela flor vermelho pisado,
meio grossa , espessa, peluda ,chamada de capitão ?
Esperavam algum sinal de que a vida viesse correndo
trazer um aviso de que existia...
que era verdade, que era sadia...
Que tinha recados preciosos a dar.
E de soslaio , como quem não quer se mostrar, ficaram naquela
janela, atrás de cortinas de orvalhos ,esperando o dia clarear...
Um sol brilhante aquecer.
Ou a chuva com a sua frescura , a todos molhar...
Uma água pura correr .
O dia , de fato, raiar...
Mas nada aconteceu nem de bom ou ruim. Tudo igual.
O dia apareceu com jeito de quem quer desmaiar...se esconder.
Apagar.
E no transcorrer dos minutos , das horas até bem vagarosas,
na janela ainda ficaram a pensar , esperar .
A espremer os olhos espertos procurando a beleza lá fora .
Em vão questionar...
Só se esqueceram de perceber que a beleza ,
soluções aos anseios , respostas ,
frescuras , levezas e prosas , os doces enredos...
estão em outro lugar...
25-8-06