Diacho de tempo!

Às vezes me sinto perseguida pelos versos. Hoje foi assim ao romper da manhã. Lá estavam, sem cerimônia! Escovando os dentes, fazendo o café, vestindo a roupa, olhando no espelho...e não eram nem seis horas. Sim, eu acordo na madrugada; e não, não tomo remédios para dormir; mas tomo uma porrada de outros. Nessa hora sempre me pergunto onde penduro essa penca de palavras atrevidas, que não cabem nestes metros quadrados.

Na tentativa vã de escapar, ando pelo corredor querendo não ser vista...e aquelas poesias todas esparramadas pelos tapetes, me pegando pelos braços, nas cortinas que não tenho, no copo que dormiu fora do armário, nas contas sobre a mesa; tem umas que até beliscam...arriscando tornar-se entidade e possuir-me. Penso: Porque agora se não posso te dar ouvidos?

Ok! Ponho os óculos e uma roupa esquisita, uso maquiagem, e solto os cabelos (me disfarço em mulher que não sou...ou será?). Abro a porta, dou no pé e um jeito de não ser reconhecida pela caneta...que num instante de distração, deixa-se deitar sozinha sobre o papel, olhando de rabo de olho, cansada por esperar cafuné.

Mirea
Enviado por Mirea em 11/05/2010
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