MULHER COM TPM

Homem com ressaca

A praia deserta

Uma agressão mútua conduz o casal ao júri

Naquela tarde o tubarão não veio

Apenas as ondas e a lembrança da carnificina

Amanhã tem que encarar a fila do desemprego

Num banco cheio de engravatados

E cofres abarrotados

Frente a uma placa de “não há vagas”

É um epitáfio em letras garrafais

Subir o morro e ver a fome dos meninos

A alucinação dos jovens com as narinas assadas do “pó”

Deixando sobrar os resquícios das folhas andinas

Os helicópteros de São Paulo monitorando desditas

O glamour de Copacabana

Camuflando a miséria humana

A criatura sob o cobertor imundo não fala

Não diz por que sua casa é a marquise

Seu mundo é qualquer calçada

A tpm é incompreensível

Pelo marido, ignorada pelo amante

Mata, morre e esbanja

O capital economizado ontem

Alimenta as Bolsas de Valores do mundo.