Epílogo
Epílogo
Respeito-te, dedicado leitor, portanto aviso-te: Não te iludas, o que lerás nas próximas linhas não é, nem de longe, literatura. Pois tudo que te conto é real e não me exigiu nenhum esforço sua escritura. Vamos aos fatos...
Não sei se foi o frio, a sorte ou Deus que nos aproximou, mas lembro-me do quanto agradeci a todos eles.
Hoje lembro-me do quanto era ancioso e delicado o desejo que fazia que nos quisessemos tão perto, que compunha os abraços e o passar das tantas horas juntos.
Lembro-me do ânimo e da vontade que me tinham os sábados tão frios, tão cedos, tão longes. E lembro-me do sorriso com que me recebia, do abraço que me protegia e protegia-se em mim. Sim, nós fomos seres literários, dignos de um romance, tinhamos uma trilha. Chegamos ao limite do que o amor e a felicidade podem proporcionar, nós eramos completos, únicos, inseparáveis, éramos lindos rapazes que se amavam.
Vi de perto quanto significado pode ter um símbolo. E quantos elementos convergiam a apenas um significado: era pra sempre (com licença amorosa pra falar e escrever como queriamos). E foram tantas coisas, que hoje tenho medo de esquecer-me de alguma, mesmo estando certo de que me lembro de cada detalhe e de que vou me lembrar até o fim.
E era mesmo pra sempre. Tinha tudo do que precisava pra ser, mas algo saiu errado (não poderia projetar aqui, atento leitor, o quanto me encomoda os olhos contarte isto). Talvez o primeiro perdão, talvez a primeira mentira, a primeira cobrança, a primeira desconfiança, talvez o primeiro desencontro. Como é difícil reconhecer de tão frágil areia o castelo que pensava ser de eterna pedra.
E depois dele, vieram tantos e tantos que me perdi e nem mesmo soube lutar por mim. O último respondeu-me com convicção e frieza quando falei do pra sempre: “Eu não quero” e do primeiro, tinha somente a voz... a doce, bonita e serena voz que um dia me fez acreditar na felicidade. Assustei-me, estava diante de um estranho, precisei de um tempo e decidi procurar, perdido em algum paraíso, o menino que me fez sonhar. Não sei se foi o calor, a sorte ou Deus que nos afastou, mas sei da dor que sinto e do tamanho do amor.
Oh, meu caro leitor, não me sintas pena, tão pouco me sintas compaixão, pois os golpes mais doídos já sicatrizaram, já se afastaram do meu coração. Mas peço-te, se de ajudar-me tens alguma pretensão, se veres um garoto distraído, sorrindo e cantando com seu violão, perguntes a ele sobre o “pa sempi” e, se por acaso notares em seu rosto alguma esperança forte, alguma saudade doída, algum desejo de voltar, digas-lhe, por favor, que “o seu presente” o estará esperando pra recomeçar.
Obrigado.