Lamento de amigos perdidos

Sabe, vou primeiro falar dos amigos do xadrez...

Eu nunca me considerei melhor que ninguém,

embora a gente faz todo o possível para ganhar,

e um amigo disse certa vez:

O xadrez, quando a gente ganha, ajuda até a dar amor-próprio...

Muitos não dizem isso ou talvez se sintam humilhados se perderam,

e alguns chegam a discutir, ficar meses sem se falar,

somente por alguma coisa dita irrefletidamente,

que imagina ser que o outro jogador o está humilhando,

como por exemplo uma vez eu disse sem pensar:

"É ruim perder"...

Ele ficou uns três meses sem jogar, quase sem falar comigo...

Além de outras discussões bem bobas relacionadas ao xadrez, por coisas mínimas, que até minha vez teve que intervir e dizer que somos pessoas pacíficas...

sendo que somos inteligentes e racionais:

mas é isto o que o xadrez desperta: senso de rivalidade profunda!

Alguns não ligam de perder, e se cumprimentam no final deitando seu

rei num xeque-mate... com olhar triste apenas, pensando em ver como lidar com uma situação parecida da próxima vez, foi uma lição aprendida o jogo...

Bom, então na perda de um amigo neste sentido e talvez em outros, ele comentou que não joga mais comigo, porque na maioria das vezes só perde... embora ele tenha estratégias geniais, e já tenha ganho com coisas inimagináveis...

Outro amigo vinha de vez em quando em meu apartamento, isso faz algum tempo já, e ele vinha com seu próprio tabuleiro, e às vezes seu livro que ensinava estratégias básicas e avançadas... mas a partir de um tempo ele perdia tantas partidas em seguida, que ficava aborrececido, sendo que talvez ele jogue a mais tempo, e estude muito mais as jogadas e tudo mais... eu sou da arte, não vivo só para este tipo de entretenimento...

Se eu ligava para ele para convidá-lo a jogar novamente, ele nem atendia mais o telefone, porque tinha bina, e não atendia mais, mesmo quando eu poderia ir com meu carro na sua casa... como fui algumas vezes antes também, simplesmente porque eu falei que ia jogar igual o Kasparov, e fazia coisas estranhas no movimento das peças que no final era vitória...

Já no xadrez clube eu já perdi bastante. Eu estava aprendendo, e mesmo assim houve ocasiões de ganhar de alguns "mestres", que vivem lá quase todo dia... Neste tempo, quando eu ganhava uma entre cinco jogos, eu já ficava contente... já era o bastante para mim...

Outro amigo, me convidou para ir à casa dele para jogar, fiquei com pena dele, porque ele basicamente só sabia jogar, e nada de estratégia alguma... fiz de conta que demorei ganhar, mas no xadrez você tem que jogar com pessoas do seu próprio nível, senão é perigoso você pegar os cacoetes de quem nem sabe jogar direito...

Eu nunca vou ser Karpov, ou Kasparov ou qualquer destes, nem tenho jogado mais, mas os amigos de xadrez sumiram... todos eles...

Se você jogar, seria um prazer, mesmo perdendo ou ganhando, porque é só uma diversão, embora digam que o xadrez é como uma guerra, alguns dizem que é uma arte, outros dizem que é uma ciência, outros falam que é um esporte... Para mim sempre foi passatempo de vez em quando...

Lembro uma vez de ter jogado com uma pessoa faixa vermelha, isto é, parecia uma moça, e era superdotada no jogo, e eu consegui encurralá-la de tal forma que ela, visto que tinha tipo chat também, disse que jogamos sem tempo e eu poderia pensar, por isso ela com um tempo bem curtinho se sairia melhor, por conhecer detalhes que já eram costumeiros para ela... eu prefiro pensar bem, e jogar super rápido, tipo uma partida em um minuto apenas, eu acho que não consigo apreciar os movimentos das peças, e realmente me saio mal assim... mas se agora eu puder pensar um pouco, saio-me bem melhor, não um tempo extenso, mas o normal...

Bom, embora eu tenha expresso sobre o xadrez alguma coisa, e de certa forma me gabado, eu perdi amigos que não querem mais jogar comigo... o comentário principal é que eles só estão perdendo...

logicamente eu jogo para ganhar, embora uma vez um amigo pediu para eu perder de propósito para outro, só para animá-lo, visto que ele tinha se enferrujado, e precisava se sentir melhor... depois ele se enalteceu tanto, não só por ganhar de mim como do outro, que o amigo que pediu disse que nunca mais pediria isso para mim... nem ele próprio iria deixar perder, só por causa disso... coisas bem bobas e até tolas... mas saiba uma verdade, você pode perder um amigo neste jogo, porque pode dar a entender que seu q.i. é melhor ou pior, e isso mexe profundamente com a pessoa...

Bom, mudando para outro tipo de amigos, que nunca jogaram xadrez, nem vão querer aprender a guerra, mas estão na guerra, quando algum tipo de misticismo correu atrás de mim, porque eu não fui atrás de nada, e coisas estranhas aconteceram, eles, por odiarem misticismo, afastaram-se de mim, como que me isolando, alguns deles vieram em casa, mesmo um amigo que ajudei tanto, e me pus por sofrer as pragas no lugar dele e de seu filho, eu sofri, mas a maldizente que sofreu as penalidades maiores, pois ela disse que meu amigo e seu filho iriam morrer secos numa cama, enquanto que eu peguei a praga para mim no lugar dele, eu que sofri, porque eu depois de alguns dias fui parar num hospital e emagreci terrivelmente, devido a antibióticos fortíssimos e outras coisas, mas a mulher é que morreu seca na cama, não porque eu desejei isso para ela, mas simplesmente aconteceu isso... e meu amigo me agradeceu do jeito dele, meio confuso, e hoje está em alta, e veio me visitar para me relembrar destes tempos, e que exatamente eu ensinei ele a enxergar...

Outro amigo, que praticamente era desvalorizado por todos, até na comunidade, porque sua mulher se suicidou e as pessoas achavam mal ter amizade com ele, sendo que ele não teve culpa alguma, (este negócio de suicidar-se ele jamais tocou no assunto comigo, nem eu perguntei)... e quando chegou a moça para me visitar, e eu com minha personalidade estranha, rejeitei, e ele gostou dela, então, embora fosse de outra cidade a moça, eles chegaram até a se casar, e quantas vezes ele vinha em meu lar depois com ela, para me visitar, no entanto, a distância em muitos sentidos, e as circunstâncias que mudam constantemente, agora é ele que não me vê com bons olhos... mas não o culpo por nada, porque estes são amigos desde quando eu tinha meus catorze anos, tanto um quanto outro... Enquanto eu era a pessoa forte que os arrastava no meu colo de "mãe", e mesmo que outros me criticassem por não acreditarem neles, chamando-os de submarinos ou coisa assim (essa figura de linguagem quase ninguém vai entender mesmo)... Eu sempre chamava para as recreações, estar na companhia boa, (que diziam para não chamá-los), enquanto que hoje todos eles estão em alta... Só fui eu que acreditei neles...

E a moça que todo mundo falava que era um "bicho", que ninguém seria louco de namorar com ela... Mal podia pagar o aluguel e sobreviver, e eu disse que ela iria crescer e ter de tudo... Que teria um emprego ótimo, diferente daquele que sugava seu tempo, e mal ganhava para comer, e ela conseguiu o emprego dos seus sonhos, (com uma ajuda minha, me gabando um pouco), e uma casa própria, e carro, moto, e tudo, mas coisas materiais não valem nada... uma hora tem, outra hora perde tudo... ou quase tudo... Tornou-se mãe de um filho de perfeita saúde, com sobrenome italiano, o qual todos o conhecem assim, e que tem uma personalidade diferente de todos e se destaca... tanto orgulho como trabalho dá, mas é amado e benquisto por qualquer pessoa que o conhece um pouco, chama muito a atenção, só espero que quando crescer não tenha um gênio tão forte assim... com quatro anos já na natação, e começando a aprender outros idiomas, e como amanhã é dia das mães, e ele com dois anos me chamava de "mãe", mas ele com certeza nem se lembra mais disso... então, seria meu dia também se eu comemorasse(?) (minha mãe é falecida a três anos), embora sempre corrigisse-o, dizendo, sou papai, não "mãe", porque a mulher trabalhava muito e eu que ficava dando mamão raspado para ele, comida própria pra uma criança, e leite, e assistia o canal de desenhos com ele... saudades...

no parque ele pedia para balançá-lo, descia o escorregador, embora no começo tivesse receio de descer, e outros brinquedos simples, mas ele sempre queria ir lá... Na creche uma vez foi o "sol" da primavera, enquanto as outras crianças foram as flores que recebiam dele uns papeizinhos coloridos, que as tias fizeram... Meu irmão falou que filho único é como uma relíquia, por isso que o amo tanto...

Wanderson Benedito Ribeiro
Enviado por Wanderson Benedito Ribeiro em 08/05/2010
Reeditado em 08/05/2010
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