Primeira Pessoa ao Leitor
Eu
Na boca minha de sangue
Contando as falanges no jardim
Faço implante pra mim;
Adormecidos, vãos coelhos
Todos mercantes, desfilam olhares de queijo
Valem-se dum beijo, boemia.
No verão cálido do guarda-roupa
Esconde e apontam estrelas cedentes
Para seccionar o mal em rodelas
Como mortadelas de fogo
Logro-me na esporrenta adaga
Que lança filhotes ao ar
Sem sequer notar.
Vivo na intensidade do lume
Na varanda da vida
(se não sabes, pedem ida)
Sequeira à faringe lesada por uma parada
Meu trigo não quis ser pão
Veio-me à mão e faleceu;
Amigo meu é o leitor que escuta
Com lâmpadas retinidas na face da mente
Dou-te ósculo à alma e confundo teu ser.