Primeira Pessoa ao Leitor

Eu

Na boca minha de sangue

Contando as falanges no jardim

Faço implante pra mim;

Adormecidos, vãos coelhos

Todos mercantes, desfilam olhares de queijo

Valem-se dum beijo, boemia.

No verão cálido do guarda-roupa

Esconde e apontam estrelas cedentes

Para seccionar o mal em rodelas

Como mortadelas de fogo

Logro-me na esporrenta adaga

Que lança filhotes ao ar

Sem sequer notar.

Vivo na intensidade do lume

Na varanda da vida

(se não sabes, pedem ida)

Sequeira à faringe lesada por uma parada

Meu trigo não quis ser pão

Veio-me à mão e faleceu;

Amigo meu é o leitor que escuta

Com lâmpadas retinidas na face da mente

Dou-te ósculo à alma e confundo teu ser.

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 24/08/2006
Código do texto: T224315
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