DO APOCALIPSE

...Um mundo em que todas as coisas, o bem e o mal misturados caminham juntos, nas ruas e nas ações e nos corações, indicando um tempo de higienização; joio e trigo misturados, difícil distingui-lo um do outro: pó de ouro misturado ao cascalho. A resposta é individual, cada qual diante da sua sombra e do seu dragão próprio. Tempo de des-velamento e de re-velação. Apocalipse é revelação. Quando se fala em apocalipse se enfatizam demais os horrores de fora, acontecendo e por acontecer. Mais terríveis os apocalipses internos, o debater-se entre a Sombra e a Luz dentro de cada alma. Eu também vivo a chorar; eu, que carrego demasiados escuros e uma criancinha perdida em algum lugar, choro pela saudade da beleza que sentia em minha alma, invisível sabe-se até quando. Não chores, meu amor, que as tuas lágrimas juntam-se às que caem dos meus olhos e as águas do rio ficam mais amargas. Não chores. Eu te amo, com toda a tua fraqueza, com toda a tua força, com toda a tua sombra e com toda a tua luz. Tu representas a outra criança, meu amor.