SEM ABRIGO, SEM ESPERANÇA

Por que tantos têm que viver nas ruas
Quando até alguns tiveram no passado
Vida normal igual a minha igual a sua...
E hoje se encontram tão desventurados;
Desnorteados, com fome e sem abrigo
Tendo por teto o céu tão estrelado
E a noite inteira quase a tremer de frio;
Quando adormecem é pelo cansaço...
À luz do dia e lá estão eles a perambular
Mãos estendidas em nome de Deus
Quantas vezes ou sempre a esmolar...
Por que tudo isso se são filhos seus...?
Tantas vezes a revolta os aniquila
Tornando a vida quase insuportável!
O que fazer, como chamar de vida
Quando se torna assim quase impossível?
A falta de perspectivas e oportunidades
Faz adormecer o sonho, até a esperança
Que perde a cor e nem a liberdade
Mesmo falsa lhes conserva as lembranças;
São mortos vivos e sem dignidade
Entregues à própria sorte e a desconfiança
Dos que os olham com certa indiferença
E é assim que a quase vida continua
Enquanto a morte não lhes vêm buscar
Deixando para trás naquelas ruas
Alguns outros tantos que permanecerão lá.




Brasília, 05/05/2010