Mácula
O que me vale é poder esquecer. Mas mesmo podendo, não esqueço
e lembro vezes sem conta das nódoas - manchas gravadas no peito que nem com a água corrente se diluiem, se esquecem.
Dilui-se no tempo as águas que navegam na minha pele, correndo em fio de prata
levemente como uma pena que me toca
e me abraça. E chora
lágrimas
que choro. Que secas são cristais de sal
que magoam e sangram o olhar.A alma. Que faço por esquecer, ignorar
o que sinto e ficar assim vazia. Sem vida. Sem lágrimas. Sem o sal que a vida salga. Sem dor de ter vida.