Mácula

O que me vale é poder esquecer. Mas mesmo podendo, não esqueço

e lembro vezes sem conta das nódoas - manchas gravadas no peito que nem com a água corrente se diluiem, se esquecem.

Dilui-se no tempo as águas que navegam na minha pele, correndo em fio de prata

levemente como uma pena que me toca

e me abraça. E chora

lágrimas

que choro. Que secas são cristais de sal

que magoam e sangram o olhar.A alma. Que faço por esquecer, ignorar

o que sinto e ficar assim vazia. Sem vida. Sem lágrimas. Sem o sal que a vida salga. Sem dor de ter vida.

Madalena Castro
Enviado por Madalena Castro em 03/05/2010
Código do texto: T2234290
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