Um grande amor
Confessastes, ó filha minha,
Deleitar-se em fantasias
Por alguém que, em ofício,
Fornece-nos o pão de cada dia.
Porém, com certeza hás de convir
Que, sendo ele um bom padeiro,
Com as duas mãos segura um rolo,
E queima a rosca o dia inteiro.
Seria bem mais de meu agrado
Conceder-te ao jovem carpinteiro,
Que, segundo dizem as más línguas,
Se esfrega em seu colchão
Sonhando estar ali vosso traseiro.
Sei muito bem que o pobre mancebo,
Além do amor, pouco tem a vos ofertar.
Todavia, sendo ele um grande carpinteiro,
Mesmo que um dia lhe falte pão para comer,
Pau nunca haverá de vos faltar!