Luto

Imagino que terminou mais um dia.

Fecho portas e janelas,

descanso a caneta sobre a mesa.

Poemas inacabados,

que poderão ser escritos

ou amassados;

bolinhas de papel na lixeira,

descartadas com um pouco de mim.

Sentimentos que por algum tempo,

ganharam vida nas linhas,

para logo se perceberem

tolices e desenganos.

Então, morreram juntas,

enlaçadas, querendo sobreviver.

Eu, poeta, cometo essas loucuras;

arranjo poesias em rimas ricas ou pobres,

arrumo letras que o coração descobre.

E, se não passo um minuto

sem uma nova escrita,

passo horas, dias sem palavra nova.

Calo-me, enlutado pelas letras que perdi

e mesmo sem querer chorar,

percebo que novamente, também morri.