O HOMEM QUE PEDIU PARA NÃO MORRER
A mão estendida não é mais um pedido de clemência
Farrapos expulsam
Causam não horror, mas uma gama de repulsa
Os dedos trêmulos são um gatilho
Que empunha o fuzil
O olhar distante que se perdeu entre o ódio e a compaixão.
Mais uma investida
Mais um pedido de socorro
Um homem-bomba, diria na Palestina
A voz amarfanhada
A mão estirada
Mais um infeliz solto como um animal
Nos últimos apelos na beira da estrada.
O fôlego arfante, as órbitas profundas
A garganta tarmuda, as palavras ausentes
Como é que se diz “amor”
Como se diz “deus”
Para sensibilizar
Para poder mostrar
Que não é um fora-da-lei.