O MENINO DAS AREIAS

Tributo à Antoine de Saint-Exupèry

Elas te trouxeram do invisível em suas luzes,

para iluminar nosso império.

Abriste a casa de tua alma ao mundo,

e a tua linguagem foi transparente e límpida

como o coração do teu príncipezinho.

Cada pedra de tua cidadela interior

recende a perfume de tuas laranjeiras

"convém libertar a árvore e ela desenvolver-se-á

com toda liberdade" (*)

Enquanto amavas a liberdade, os homens

não se reconheciam mais, e estilhaçavam

seus tristes espelhos,

para não verem mais seus rostos.

Enquanto um ser humano partia e

"se tornava montanha e barrava o horizonte" (*)

hoje à luz de todas as estrelas o homem

se auto arbitra em trevas.

Mas tu permaneces, como as raízes,

como as tuas sentinelas a velar o essencial,

para que os rivais da alma humana

não destruam as rosas, não podem os laranjais,

não armem redes invisíveis para apanhar

a argila humana, aquela que tanto amavas.

"Só o Espírito, soprando sobre a argila,

pode criar o Homem" (*)

(*) Saint-Exupèry

(Direitos autorais reservados).