ESPIRAL

A calmaria se apresentou depois da tempestade

E a pomba que não encontrara terra firme

Não voltou para mostrar que o tempo da espera terminara.

Jazia sobre a mesa anotações imprecisas

O tempo que ali ficaram tornaram

Aquelas palavras quase indecifráveis.

E como um heliógrafo retirado das pirâmides

A ausência de especialista impedia o entendimento

Assim é quando o que fica sobre a mesa são anotações imprecisas.

E o tempo que tem seu próprio curso

Não dialoga com os eventos nem o evita

Porque respeitando um ao outro

Como dois opostos no fim se completam.

E do retorno das caravelas ao mar aventuradas

No cais senhoras e filhos a espera daquele que parte

E como disse o poeta

É na partida que se acerta a chegada.

Porque não se descobre o novo

Esquecendo a volta para contar o que viu

E se queiram os incautos aventureiros

Guardar para si o que a história quer de todos

Digo que não serão felizes

Posto que conhecimento guardado

Nada produz senão esquecimento.

E dotado da sapiência somente encontrada

Na vida vivida dos tempos já remotos

E nem por isso menos importante

Aprendi que nada nos é quando tudo queremos.

E se entendi o que ouvi dos outros meus antecessores

Digo que se assim é

Tornei-me no que era antes de mim.