Embasado em nada
Corria...
Corria meu corpo rumo ao nada,
mas o nada me refletia as dores mais agudas.
Quão agudas... e eu, sempre grave, tombando aos passos,
co'os medos todos, alinhados na fumaça dos meus cigarros.
Corria...
Corri, e foi medonha a cena, e foi medonha a ira.
Sabia que o nada me aguardava,
sabia que ao nada voltaria,
sabendo que nadas se acabam.
Acabei-me no nada,
destrui-me no nada...
...e quando me dei por morto, a vida me apareceu empacotada,
junto à lareira, junto às porções de brasa que ainda me aqueciam os pulmões.
Tornei... e, tornado aos vivos, permaneci um nada, só que agora
caminhante, sem predisposições ou motivações para tanta correria.