[A Poesia e a Loucura]

Os loucos veem as águas

correrem ladeira acima;

e os poetas também...

Os loucos sentem os ventos

sempre a contrapelo;

os poetas também...

Há loucos que são tão loucos

que até caminham de ré;

já os poetas costumam andar

à ré dos sentidos comuns...

Para os loucos o absurdo

confunde-se com os acontecidos;

para os poetas os desacontecimentos

são matéria-prima da poesia.

Para os loucos, a vida

é um simulacro da realidade;

para os poetas, a realidade

é um simulacro da vida.

A Poesia e a Loucura

são parentes...

No mínimo, primas!

Quando saio de um poema,

tenho necessidade de me esconder...

Por que será? Tão ruim, tão sujo,

ou... tão louco assim?!

O sol quente lá fora

não me diz nada,

não me ilumina...

[Penas do Desterro, 09h53 de 16 de abril de 2010]

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 16/04/2010
Reeditado em 10/04/2012
Código do texto: T2200256
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