[A Poesia e a Loucura]
Os loucos veem as águas
correrem ladeira acima;
e os poetas também...
Os loucos sentem os ventos
sempre a contrapelo;
os poetas também...
Há loucos que são tão loucos
que até caminham de ré;
já os poetas costumam andar
à ré dos sentidos comuns...
Para os loucos o absurdo
confunde-se com os acontecidos;
para os poetas os desacontecimentos
são matéria-prima da poesia.
Para os loucos, a vida
é um simulacro da realidade;
para os poetas, a realidade
é um simulacro da vida.
A Poesia e a Loucura
são parentes...
No mínimo, primas!
Quando saio de um poema,
tenho necessidade de me esconder...
Por que será? Tão ruim, tão sujo,
ou... tão louco assim?!
O sol quente lá fora
não me diz nada,
não me ilumina...
[Penas do Desterro, 09h53 de 16 de abril de 2010]