*** MINHA GAZELA ***

Qem me dera este ardor por ti fosse quimera,

Fosse um mero devaneio ou um sonho falaz que a minha alma

esmera...

Do âmago do meu ser flue um turbilhão de prazer,

inefável sensação; incontrolável!

Não como folguedos dissimulados,

Nem de desvelos egoístas e nem desejos impensados

Mas algo que fomenta sonhos palpáveis e desvairantes delírios,

Algo que me faz pairar por entre nuvens fumegantes de paixão...

Algo que faz fulgir meu mundo, quando sinto meu coração desvanecido,

E encontra-me quando sinto-me perdido;

Pudesse eu esquivar-me desta veemência devastadora,

Que tanto bem me faz!

Consoladora, que me refaz

Quisera eu, não fosse este lampejo ardente,

Mais uma insolente evasiva fortuita do destino

Sem destino;mas, invasiva,

Assim eu me faria astuto e gaudioso

Corroborado e glorioso!

Oh! sentimento marcante que me torna um penedo,

Que estilhaça o meu fastio,

relutante, mas sem medo, sem tormento,

Me revolve em meu leito,

E palpita incontestável em meu peito... A todo momento!

Quisera eu, não se dissipasse jamais,

Que nunca me abandonasse...

E me envolvesse num eterno e estivo abraço;fazendo-me altivo,

Agrilhoando-me neste indestrutível laço, neste sublime adereço,

Sentindo o fulgor sensível do meu apreço...

Profunda e ardente meiguice é o nosso silêncio,

Que acalma, ardejante e sem pejo

Inunda a alma,

Fazendo desdém à perfídia na qual esmoreço...

Musa enaltecida pelo ímpeto do meu corpo e pelo amor do meu espírito,

Faça-se por mim entorpecida, enlouquecida,

Que esteja longínguo o tédio desta distância

Façamos um incêndio deste lampejo,

Para que não vejamos a penúria de todo nosso desejo...

A nossa empreitada é bela,

Amenizemos esta dor! Sou sofrido sem ti!

Gajo perdido sou eu sem ti soberba gazela!

Homem vencido sou eu distante de ti amor!

1989

Paulinho Violanti
Enviado por Paulinho Violanti em 16/04/2010
Código do texto: T2200166
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