[Nosso Blues]

Um tempo amarelado escreve-se

sobre as tardes de nós dois,

tardes agora, esquecidas,

folhas mortas na sarjeta da rua.

Ali naquela rua perdemos o passo,

ali perdemo-nos um do outro,

pusemos no lixo a descoberta

maior de nossas vidas!

Agora, entardece sobre esta paisagem,

outro tempo, outro mundo...

Nossos sonhos: papéis que amarelecem,

sem vida, sem ser, sem onde...

E fica essa certeza enjoada

de nunca mais tornar àquela rua,

ao começo dela, ao ponto partida.

[Penas do Desterro, 22 de dezembro de 2009]

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 14/04/2010
Reeditado em 10/04/2012
Código do texto: T2197447
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