[Nosso Blues]
Um tempo amarelado escreve-se
sobre as tardes de nós dois,
tardes agora, esquecidas,
folhas mortas na sarjeta da rua.
Ali naquela rua perdemos o passo,
ali perdemo-nos um do outro,
pusemos no lixo a descoberta
maior de nossas vidas!
Agora, entardece sobre esta paisagem,
outro tempo, outro mundo...
Nossos sonhos: papéis que amarelecem,
sem vida, sem ser, sem onde...
E fica essa certeza enjoada
de nunca mais tornar àquela rua,
ao começo dela, ao ponto partida.
[Penas do Desterro, 22 de dezembro de 2009]