Sem espinhos
vem no abraço da noite
no balançar das folhas da árvore
se aconchegue e durma
rescoste sua cabeça em meus ombros
e escorra sua boca entre meus lábios
durma feito anjo enrroscada
espaçosa, espreguiçando
me abrace
me tenha
por pensamento
por um segundo
me aperte
me acaricie
me sacie
me incendeia
me acende
me alegre
me abrace
me acelere
me acompassa
me acalente
me alimente
me afague
me olhe bem dentro dos meus olhos
e veja o mesmo lugar que estou vendo
deite-se
se aposse
tome conta
se ajeite
se deleite
se acalme
se apodere
dos meus desvairados pensamentos
isanos, trépidos
que o gelo da coluna seja brando
que o temor de nossos corações
seja forte
que o sorriso seja eterno
que o tempo nunca pare
que o respirar nunca seja manso
que o desejo perdure
que a vontade estabeleça
que a esperança seja franca
que o pensamento a ti viaja
encontre a de braços abertos
que sejamos libertos
de pudores da carne que é fraca
que os tabus sejam respeitados
mas que sejam ousados
os atos atrevidos
se falar nos ouvidos
que sejam poesias impensadas
se for de abraços apertados
que nossos lábios se calem
se apertem, se sintam
sabores do inevitavel
se inebriar, que derrame
se proclamar, reclame
sentenciar, me chame
bem alto, de longe
pra perto ficar