VIVENDO NOS 90%, 80%, 70% ...
Quão difícil é viver nos 90%, 80%, 70% ...
Queria minha inteireza, totalidade, plenitude ...
Mais algumas palavras para encarnar o turbilhão,
a avalanche, maremoto, tempestade,
que “de temps en temps”,
assola, abate, se apodera, invade e,
tenta controlar meu ser.
Sou tentado a usar outras línguas para me expressar.
O nosso vernáculo,
sinto as vezes,
me limita, me aprisiona, me sufoca.
Seria só ele?
Sonho com minha terra prometida, meu Xangrilá.
Eu a desejo noite e dia.
Contudo o caminho é árduo, penoso, fatigante e,
demasiadas vezes,
me encontro em labirintos,
perdido,
sem rumo,
sem saber onde estou.
Todavia o camaleão se identifica e,
olhando para dentro de si,
conclui que muitos já foram atacados e feridos
pelos tortuosos caminhos da vida.
Encontraram espinhos e, vezes outras, rosas.
Entre eles Clarice Lispector e Glauber Rocha.
Incompreendidos e mal interpretados,
foram rotulados e taxados pelas suas genialidades,
os turbilhões que assolavam suas almas.
Por onde comecei
quero terminar e,
mais uma vez, digo que
difícil é viver nos 90%, 80%, 70% ...
O que sobrou? Algo?
Deus seja louvado!
Sentir? Comunicar-se?
Retribuir? Servir?
Amar? Sorrir? Odiar também?
Não acumular rancor?
Ainda há esperança.
27.03.00