ESTE TEMPO

Se por acaso, ainda hoje eu escrevesse algum poema,
Com certeza escreveria o que por certo, magoaria
A quem de mim tiver pena.
É que hoje, estou amarga e muito mais solitária,
Simulando uma alegria, que no fundo é muito rara,
Que nem tem a ver comigo.
Por isso, se hoje eu fosse, escrever algum poema,
Falaria de desgosto, tirava a máscara do rosto
Para quem quisesse ver.

Deixava cair o pranto me mostrava por inteiro
Sorveria as próprias lágrimas com que o tempo me brindou;
Adoçaria meu canto com o bálsamo da dor.
O tempo passa por mim, sem me dar tempo de ter
Ainda que seja pouco, o pouco se nega a ser;
Se nega a me dá direito de ser um pouco feliz,
desprezar o preconceito e ter o que sempre quis;
Ele passou leve e solto,
Dele me sobrou tão pouco é o que este tempo diz.

Brasília, DF
Registrado na Biblioteca Nacional
11/04/2010