Céu

Será que tudo não passou de uma ilusão? Havia uma nuvem sobre a minha cabeça. Eu não via claramente, mas sabia que ali havia água. A qualquer momento a chuva poderia cair, eu abri o guarda-chuva e esperei até o último instante, mas quando olhei pra cima a nuvem tinha se dissipado. Acabou. De nada valeu o guarda-chuva escolhido pela sua cor vibrante, a cor da paixão e agora a cor do nada, da lembrança que o vazio deixou.

Será que foi só uma ilusão? Um oásis em pleno céu que me iludiu a ponto de esperar algo que nem sequer caiu. Gota, chuva, gota d’água vem molhar as minhas vestes, ensopar os cabelos que caem pesados sobre os ombros, vem fazer em mim tempestade ou calmaria. Mas decida-se, ou cai de uma vez ou saia da minha vida. Deixe que eu feche o guarda-chuva e caminhe tranquilamente pelas ruas que não me levam a lugar nenhum, que as pessoas chamam de casa. Será que eu moro ali? Eu moro? Eu desmorono.

Prefiro céu limpo a tempo indeciso, pelo menos o azul é mais ameno, avisa logo: hoje o tempo será azul podem sair de casa sem preocupação, mas levem os protetores e não esqueçam que a qualquer hora posso tirar uma folga, uma pausa para dormir ou almoçar. Céu, diz para mim onde ir, que rua tomar, com que mar me embriagar e com que palavra me sufocar.