Hoje

Deixo-me livre nesta dor que sinto, tão incógnita que dilacera, pedaço a pedaço o meu corpo. Que são traz sonho, que sobrevoa o oceano, cativante e crente, na ilusão que o faz voar.

E voa. Tão crédulo que mente. E desmente na mentira o que pensa ser verdade.

Dói. Magoa.

A dor que de dentro aflora na pele e rasga.

A alma pequena chora. Nega, enrola o desejo de ser mais, para ser tudo e nada. E em nada se resigna, se afunda, se afoga.

Não sou mais do que nada. Numa ilusão cega de querer. Com a dor que guia a alma. E pensa cicatrizar as fendas do mundo em raiva. E o que penso ser raiva é dor. É a tristeza de não compreender e não ser compreendida.

Nesta noite, o céu finda no além.

No fundo negro que trará chuva, que aconchegará meu corpo, que molhará o meu cabelo negro como as pétalas de uma flor.

São beijos. Que anseio quentes. Com a chuva que acalenta a saudade, e acalma o espírito de ser mais tua, de ser mais dele - o céu que sobre mim flutua: Rio que toco com as asas quando voo. E mar que me cobre os pés. Levando de mim o que é negro, o que é vazio, deixando-me o sentimento de encanto. Que morre pouco tempo depois de o sentir.

Procuro então o vazio que me engana. E assim, enganada, vivo. Te buscando no outro lado do mar. no outro lado da terra sentindo o sol na minha pele e a chuva na alma.

Madalena Castro
Enviado por Madalena Castro em 10/04/2010
Reeditado em 10/04/2010
Código do texto: T2189269
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