[Choro para a Lua]
[Somos profundamente humanos:
erra-me, erro-te, erramo-nos...]
Eu não faço parte
de "todo mundo",
não tenho sentimentos em comum,
nunca faço parte de torcidas,
não me comove o que comove
a "todo mundo" - eu sou duro:
eu não morro de amores,
eu não morro de temores,
por nada tenho ardores,
por nada tenho furores!
Aprendi desde cedo,
e a duras penas,
que só resulta mesmo
em aguada vergonha
chorar em ombro errado!
O certo, o trivial, o seguro é:
escolher um ombro amplo,
compreensivo, e sobretudo,
diferente de "todo mundo"!
E isto... existe!? Existe nada...
Ah, ao desamparo, pois...
Por isto, sou assim, vagante,
sou lobo de olhos errosos,
marcho só nas capoeiras,
e se eu mal me encontro,
evito os maus encontros!
Se choro, se sinto pena de mim,
então, eu choro para lua,
a loba solitária dos céus
[será que alguem já
chamou a lua disto?
Vulgaridade... besteira,
miolo de pote!].
Na sarjeta, onde águas correm,
e ao natural desamparo, pois!
[Penas do Desterro, 10 de abril de 2010]