Ressurreição
Sugeri aos meus instintos a permanência no poço !
E é fundo, obscuro, cheio de nada, cheio de mim.
E clamei por perdão, e perdoei minhas falhas, e busquei uma santa luz,
e não enontrei uma santa paz.
Quem dirá todas as verdades?
Quem, verdadeiro ou derradeiro, há de me acompanhar na escuridão?
O poço é único. Eu, também.
Converti-me em inseto, mantive-me muitas vezes anfíbio, fabriquei minhas ilusões, alimentei as imagens dos sorrisos.
Passei sem sorrir. Nada se reflete na escuridão, nada vive no poço, além de mim. NADA !
Mas, a estrutura dócil, o sorriso puro, os olhinhos apertados e brilhantes do garoto do berço me fizeram mudar, mudar na contramão, mudar na ressurreição.
Ressurgi.
De fato e de verdade, alpinista em poços, cavador do infinito, o que busca o mesmo sorriso.
E o pequeno me disse: Vai, pai. Não é a profundidade do poço que te faz um maior miserável, mas a tua incapacidade de abalar o mundo é que te leva aos abismos mais vis !
Ressurgi.
Agora, com outro sorriso.
Agora, dominador e vencedor.
Venci a apatia.
Sangrei minha pequenez nos limites do inferno, tornei-me o pai do filho, o espírito sorridente que esteve ausente durante tempos.