O amigo

Quando você fez um discurso, que foi uma tolice, e não disse nada com nada...

Eu bati palmas para não te magoar.

Quando você entrou na minha casa sem bater na porta e sentou-se...

Eu fiquei quieto por educação.

Quando você não deixou ninguém falar e a palavra esteve só contigo...

Não te repreendi para não perder o amigo.

Quando você falou mal de alguém e eu sem conhecer a outra pessoa...

Como sempre, te aplaudi.

Você se tornou chato e repetitivo, me anojou...

Não tive coragem de mandar-te embora.

Você quis me dominar a fazer só o que tu gostavas...

Fiz com nojo.

Você mentiu, fez-me caminhar à toa...

Eu ainda te perdoei.

Quando você me disse que o homem

só conhece as coisas que estão ao alcance das suas mãos,

eu concordei.

Você foi longe demais ao me dizer que Deus não existe.

Eu senti que você é daqueles que acredita que do nada

possa nascer a matéria.

Agora sim... Eu não te respondo mais nada.

Helmuth da Rocha
Enviado por Helmuth da Rocha em 09/04/2010
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