Pedaços
Pedaços de nós dois foram ficando pela estrada,
desgarrando descuidadamente,
aos poucos,
tantinhos de quase nada...
A vontade de continuar sempre foi muita,
juntamos o que ficava,
seguíamos à frente,
o que ficava, ficava...
Do retrovisor avisto,
à vista,
bagagem espalhada.
Porta luvas vazio,
lembranças boas,
fotos e recordações,
amigos comuns,
malas,
esquinas vazias,
névoa seca,
faróis em luz baixa.
Não dói,
não traz alegria,
não me diz nada,
tudo valeu a pena
agora só há almas penadas.
Borboletas amarelas na pista,
arrevoada ,
casulos vazios ,
você não viu a virada.
Não há culpa,
não há dolo,
só a vida descuidada,
sem atenção aos sinais da via,
negligenciando a estrada.