O Tempo Perdoa

Ontem, eu vi a face do tempo

Pusilânime sobre mim

Atenta aos espasmos grotescos

Com a lustrosa adaga, retalhou-me.

Foi minando as éguas em pleno estro

Correu pra perto, com seu lado funesto

Desgostoso e abominável, fugiu de mim a bóia

Não estive na retenção das forras, virei ao avesso.

A face do tempo carregava sobre o pescoço, a estrábica cara da morte

Sorria bocas de padres almiscarados, gosto de vidas infames

Não pude compreender suas eruditas línguas, dialetos prásinos

Mas, pude fitar os olhos de foice, a despetalar vaidades.

O semblante pescado promoveu bovicídio da dor

A pena lancinante a galopar e a galhofar, trouxe-me um pacote

Prescrito e vacinado ao tempo do antídoto

Coagulou minhas angústias, ao rosto do perdão.

Cesar Poletto
Enviado por Cesar Poletto em 16/08/2006
Código do texto: T217927
Copyright © 2006. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.