[O Assalto dos Teus Olhos]

Teus olhos me assaltam,

eu paro, e penso...

Sim, penso em ti

penso até doer em mim

esta minha fraqueza.

Penso em ti enquanto

os teus olhos úmidos, interrogantes,

me rondam, me assaltam...

Viver tornou-se um martírio,

viver com esta ideia louca,

com esta sensação asfixiante

de não te ter a cada hora do dia,

durante todos os dias das estações...

De não termos a calmaria das tardes,

a tranquilidade das águas daquele córrego

onde juntos viajamos paisagens remotas...

Viver... viver sem os teus olhos nos meus,

é nada, o que é viver, afinal?

Ah... Cinzas de mim espalhadas ao vento,

eu estou cansado, estou muito cansado

de cumprir destinos estranhos,

e de ter o passado sempre quente...

Perco o fôlego, morro nesta distância,

esmoreço, e morro... e morro...

E me assusto com esta ideia:

e se eu não tiver a luz

dos teus olhos nos meus,

no vero instante em que os meus

olhos se escurecem, para sempre?

Como partir para o escuro?

[Como impedir o assalto dos teus olhos — agora?]

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[Penas do Desterro, 04 de abril de 2010]

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 04/04/2010
Reeditado em 10/04/2012
Código do texto: T2176127
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