[O Assalto dos Teus Olhos]
Teus olhos me assaltam,
eu paro, e penso...
Sim, penso em ti
penso até doer em mim
esta minha fraqueza.
Penso em ti enquanto
os teus olhos úmidos, interrogantes,
me rondam, me assaltam...
Viver tornou-se um martírio,
viver com esta ideia louca,
com esta sensação asfixiante
de não te ter a cada hora do dia,
durante todos os dias das estações...
De não termos a calmaria das tardes,
a tranquilidade das águas daquele córrego
onde juntos viajamos paisagens remotas...
Viver... viver sem os teus olhos nos meus,
é nada, o que é viver, afinal?
Ah... Cinzas de mim espalhadas ao vento,
eu estou cansado, estou muito cansado
de cumprir destinos estranhos,
e de ter o passado sempre quente...
Perco o fôlego, morro nesta distância,
esmoreço, e morro... e morro...
E me assusto com esta ideia:
e se eu não tiver a luz
dos teus olhos nos meus,
no vero instante em que os meus
olhos se escurecem, para sempre?
Como partir para o escuro?
[Como impedir o assalto dos teus olhos — agora?]
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[Penas do Desterro, 04 de abril de 2010]