Andando e palpitando
A questão é que não tem questão
o fato é que é abstrato
E eu não sei pra quem quero falar
Só sei que quero falar
quero gritar mas estou sonhando
Parece sempre que estou sonhando quando penso em gritar
Enxergar do outro lado dói
não ter como chegar lá dói mais!
O medo do anonimato é companheiro
E a solidão de si mesmo amedronta
tudo tem que ter uma função! – e se eu não tiver?
tudo tem sentido – e se eu não achei?
Isso é anonimato, isso é solidão
o que me resta é na solidão achar Deus
já que procurei na comunhão não achei
mas enfim, odeio minhas palavras
e tenho medo do que não faço por medo
é um destalento só,
e de desacorçoar de escrever, se olhar o outro que é poeta
escrevo e me visto de sentimento de instante
e agora estou duvidoso, rancoroso e invejoso
dos que fazem errado antes de mim, porque quando eu fizer vão me comparar e eu não quero
o que eu quero é não ser igual a ninguém que incomoda,
mas também não quero agradar, queria mesmo é desagradar
agradar deixo pro diabo.
Quem ama é desagradável.
Quem não ama, obedece e vive sua vida
Quem ama vive a vida de outros e até peca por elas,
Posso até estar sendo subversivo desleal
Acontece que o peido fede, mas é fato e faz bem. – experimente segurá-lo, experimente ser socialmente agradável.
Falo, porque hoje vivemos de mentiras, de metáforas absolutas, ilusões tenazes
E o que somos e peidamos peidolamos, deixamos pra obscuridade
Talvez aí o tesão pela obscuridade (nem sempre se vê mágica no obscuro)
Tal o tédio da verdade convencida
vivemos um conto tal, prepotente de si, chega a se denominar cotidiano pleno equacional
Cujo o denominador habita na linguagem – patético.
Algo além da hipocrisia,
tamanha a verdade e o distanciamento da franqueza
Deus, esse sou eu clamando franqueza!
Tu que És de Todo franco e verdadeiro,
e pra quem não entendeu espere a morte
e então sentirá o mais soberano aforismo - a morte.