Não se preocupe comigo, sou apenas um matador psicótico
O nervosismo e a tensão não me deixam relaxar
O formato da ilustração era o que menos importava
Iniciei um poema que não saberei terminar
Espero por uma descarga elétrica, algo para me desintegrar
Falei demais, fiz coisas insanas durante a alucinação
Não consigo dormir, estou na prisão, não se preocupe comigo, desista
Acreditei nos homens, recuperei minha fé e levantei a questão
Iniciei-me no 'Daime' por indicação de um velho amigo cartunista
Quando dei por mim, estava em disparada pela pista
Correndo, acelerando cada vez mais em direção à fronteira
Sou um matador psicótico, acabei de ouvir no rádio, que besteira!
Um “anônimo procurado”; o que fiz essa noite lançou-me à glória?
Odiei a educação dos cobradores de pedágios e por eles obtive vitória
Diga-me uma coisa por vez, concretize minha esperança
Tenho lembrança da compra da arma, não havia mais tolerância
Naquela estância a cegueira me fez ver, entre nós, a distância
Meus lábios estão selados, tenho sede e os olhos esbugalhados
Disse-lhes tudo, mais de uma vez, por que dizê-los novamente?
O que eu fiz esta noite? Porque estou contente?
O que ela me disse? Chamou-me de assassino demente!
*Homenagem a Glauco Villas Boas: 10 de março de 1957 — 12 de março de 2010, desenhista, cartunista e religioso, morto juntamente com seu filho em sua chácara em Osasco SP, por Carlos Eduardo Sundfeld Nunes.
*Baseado em 'Psycho Killer', canção dos Talking Heads.
*R.I.P. Glauco.