Rojão, cão de estimação,

Ao passares por aquela encruzilhada poirenta, ou lamacenta, notarás uma caprichada cruz benta, que o tempo já a entortou, pela natural tormenta que tanto a atormentou. Confeccionada em madeira de lei. Qual coração de quem a fez com delicadeza de tamanha e indescritível tristeza, e à lei se autocondenou. Foi de morte sangrenta, que o cão de Juarez teve por sorte cinzenta a sua própria estupidez. Ao atirar numa caça; no Rojão acertou. Foi acidentalmente, desculpa da morte daquele que sente do amigo inocente qual vida tirou. Quanta dor existe num coração que ama ardentemente um grande amigo. Há quem chame um homem mau de cão, e isso é um isulto, uma enorme ingratidão. Ainda bem que o bicho não entende a nossa língua, e com a santa língua vem lamber essa pútrida íngua, que muitas vezes um osso a ele negou.

Descanse em paz, amigo Rojão.

jbcampos
Enviado por jbcampos em 29/03/2010
Reeditado em 29/03/2010
Código do texto: T2166000
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.