O TEATRO DAS LEMBRANÇAS
 
Para Luzbel,
 
Confesso que nada existe de grandioso sem paixão, por isso, hoje pela manhã, num exercício costumeiro de lembranças, deparei-me com as lindas recordações de ti que ainda estão gravadas em mim. Amanheceu com um céu cinzento, chove de mansinho e, de mansinho, vem chegando uma doída saudade de ti. Ali naquela árvore velha do meu jardim, pássaros solitários e entristecidos gorjeiam melodias chorosas sem fim.
Eu quero crer que, eles compartilham com as minhas dores e as minhas saudades de ti. Diante dessa distância que nos separa, nada substitui esse sentimento que blandiciosamente nós chamamos de amor. O tempo passa, os telefonemas escasseiam, os beijos desejados desaparecem, mas para a minha desdita, as saudades ainda se levantam da memória.
Aqui neste exílio de mim mesmo, mergulhado no silêncio da solidão, apenas desfruto de momentos saudosos, lembrando o teu belo e descontraído sorriso que guardo inamovível no palco das minhas teimosas lembranças.
Eu te procuro entre todas as mulheres que por mim passam, em vão, pois tu sempre foste única e minha. E assim, ando pelas ruas, calado e triste, pensando que podes estar escondida por trás de uma dessas janelas no meu caminho. O teu encanto me desequilibra, pois pensar em ti é querer reviver um passado que deixou vestígios com pegadas de luz. Persigo-te em meus pensamentos e, quando a noite chega, as tuas cabeleiras de ouro esvoaçam pelos meus sonhos, quando passo a viver a fantasia de estar contigo.

Eráclito Alírio da silveira
Enviado por Eráclito Alírio da silveira em 26/03/2010
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