Dias que de letras se abstêm

Dias que de letras se abstêm

Tem dias que chegam vazios,

Repletos de silêncios,

De inaudíveis silenciar,

Resolutos,

Ocos inteiro.

Nas horas infindas que se seguem:

Canetas parecem secas,

Corta no vácuo o papel.

Teclas, dedos e digitais como que se apagam,

Firmam-se flutuando no alvo,

No branco do desesperançar.

Tem dias assim de letras que fogem

Singrando se distanciam,

Palavras que destoam,

Miras friamente calculadas voltadas para a inspiração.

Secos versos,

Do coração abstido,

Poemas rachados sem rimas.

Privados de melodia,

Sem acordes

Nada que gere sons,

Regências,

Only desarmonias,

Nada que soe música.

Nada que se crie,

Dias feitos de nada ao fim.

Busca-se aflito a idéia

De arma em punho caçam-se razões,

Tentativas vãs de pescar pensamentos,

Nada condiz,

Armadilhas desarmadas,

Pensar desarrumado.

Agonia e ânsia

Vontade e angústia

Iniciar,

Rearticular

No seco tentar...

Ferir,

Machucar...

Tentar transgredir

Fazer a poética “pegar”.

Trazer de volta a palavra-chave

Domá-la,

E fazê-la em letras multiplicar,

Poesias que alegrem dias vazios.

Que espantem os ocos e sombrios.

Que conduzam de volta a emoção.

Do Poeta enfim o maior saciar.

Êxtase íntimo e indescritível do poetizar.

Roseane Namastê
Enviado por Roseane Namastê em 26/03/2010
Código do texto: T2160768
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