Dias que de letras se abstêm
Dias que de letras se abstêm
Tem dias que chegam vazios,
Repletos de silêncios,
De inaudíveis silenciar,
Resolutos,
Ocos inteiro.
Nas horas infindas que se seguem:
Canetas parecem secas,
Corta no vácuo o papel.
Teclas, dedos e digitais como que se apagam,
Firmam-se flutuando no alvo,
No branco do desesperançar.
Tem dias assim de letras que fogem
Singrando se distanciam,
Palavras que destoam,
Miras friamente calculadas voltadas para a inspiração.
Secos versos,
Do coração abstido,
Poemas rachados sem rimas.
Privados de melodia,
Sem acordes
Nada que gere sons,
Regências,
Only desarmonias,
Nada que soe música.
Nada que se crie,
Dias feitos de nada ao fim.
Busca-se aflito a idéia
De arma em punho caçam-se razões,
Tentativas vãs de pescar pensamentos,
Nada condiz,
Armadilhas desarmadas,
Pensar desarrumado.
Agonia e ânsia
Vontade e angústia
Iniciar,
Rearticular
No seco tentar...
Ferir,
Machucar...
Tentar transgredir
Fazer a poética “pegar”.
Trazer de volta a palavra-chave
Domá-la,
E fazê-la em letras multiplicar,
Poesias que alegrem dias vazios.
Que espantem os ocos e sombrios.
Que conduzam de volta a emoção.
Do Poeta enfim o maior saciar.
Êxtase íntimo e indescritível do poetizar.