mulheres poetas
Rufou tambor
aos gritos da turba,
a agonia de mulheres queimadas
pela Santa Inquisição,
Mortes, as almas moídas
os corpos, poeira e cinza se misturando
a partículas de pólem,
sementes montadas no vento
Voando em nuvens,
como os insetos
atravessaram El Charco,
como chamavam o Atlântico,
as sementes aterraram
brotaram palmeiras,
formando palmeirais
Estrelas cadentes,
rabos de cometa,
dormiram milênios
e um dia, cansadas de descançar ,
em cada palmeira uma mulher desabrochou
Mulheres dessa safra
pelo mundo se espalham
falando diferentes línguas
que se encontram em línguas maternas
calcadas na poesia
e nelas se acalentam,
Não por acaso,
se juntaram em Mixteca,
País das Nuvens
Um bando de poetas
embrulhadas em grandes xales
capas negras lambendo
aquela terra sagrada
Espalharam risos humor
alegria e amor
repartindo pão e poemas
com homens mulheres e crianças,
sedentos
No lugar de queimadas e banidas,
as mulheres poetas,
acolhidas honradas e amadas
Se descobriram irmãs
e mais que isso, partes
da mesma mônada