Coração combalido

Na quietude da madrugada, desperto!

Ouço, não muito longe,

jovens irresponsáveis que, aos bandos,

passam em algazarra pela rua

sem se importarem nem um pouco

com quem está dormindo.

Vozes, risos e gritos estridentes

misturam-se aos latidos e rosnados

dos cachorros que, de seus quintais,

enfrentam com valentia os baderneiros

que se divertem com todo aquele alvoroço.

E a noite que se arrastava lerda e sonolenta

torna-se agora agitada e indormível.

Abro a janela bruscamente e, aos berros,

mandos os para os quintos dos infernos!

Será que não conseguem compreender

que aos sessenta anos de idade,

essa bagunça toda no meio da noite

me revolta, me tortura, me destroça...

E me mata de inveja!