Sonhando realidades
Passava o trem nas minhas imaginações,
e eu seguia, seguia, seguia.
Confiante e assíduo,
não tão idôneo para uma viagem rumo ao infinito,
mas, sem receios de não voltar.
E lá se ia o trem...
Levava almas,
trazia luzes,
levava a calmaria do meu interior, roubada e guardada no vagão mais íntimo.
E eu corria...
Corria atrás do trem, numa tentativa de alcançá-lo,
numa tentativa tosca de mudar seu rumo.
Por que não viria ao meu externo mundo de fantasias?
Por que não seriam seus movimentos mais uma melodia para a minha canção?
Passava o trem sobre minha visão !
E tudo tornou-se pastoso,
conturbado,
embassado.
Ia-se o trem, nas maravilhas, nas entrelinhas, no meu viver.
E o meu amor também era uma alma carregada,
e eu sonhando, metia-me nos fundos, alcançando, tateando não sei o quê.
Era a vida.
Era o trem.
Era apenas uma brincadeira do destino que,
através da figura daquele trem, me mostrava que a vida vai-se e leva consigo as maiores conquistas,
as maiores verdades,
os maiores anseios,
o que eu tenho de
mais valioso: os sonhos.