LIXO ESPACIAL
Esta doçura que tens na boca
Pode ser um bem, um mal
A coisa mais louca que me alivia
Um enfarto, uma disenteria
Um adereço de carnaval
Já sei de cor teu endereço
Fiz um sequestro em teu capital
A fé que eu tinha em deus
Um gigante amamentado por pigmeus
Virou uma tentação infernal.
Tirei a tinta do teu texto
Coloquei um desenho no meu mural
Vi a morte em teu beijo cálido
E renasci no teu funeral
Tentei colher sem plantar
E encontrei só pedras no quintal
Estas coroas de flores
Sem aroma e sem sabores
São desejadas por qualquer mortal.
Fechei portas e janelas
Pela fresta entrou o vendaval
Amei-te como ninguém
Aqui, meu bem
É uma lata de lixo espacial.