Quem sabe...
Quem sabe amanhã há-de tocar, quem sabe
Hoje após a estuga de esperar, os dedos adormecem,
A inquietação cessa, o silêncio do quarto adentra a alma
E o corpo ausente de si já se queda num repousar.
São tantas falas telefone, tantas vozes ecoam nas linhas,
Mas não alcança o pouso, nada me alcança, nada oiço.
Quem sabe amanhã, há-de se aquietar os poemas,
As lágrimas, ora, tantas, hão-de ter um poço
E não espero eu que se abra a porta,
Tão pouco que se bagunce a cama, não carece,
Espera a alma somente que fales, inda que ao telefone,
E caso oiça a alma, decerto saberá o teu nome,
E descansará, inda que tudo esteja intacto...