O FANTASMA DA PALAVRA
Todo verbo pode ser inútil.
As estrelinhas fingem que brilham.
E os ventos sonham quietos, nas alturas.
Vamos derrubar todas as nuvens,
vamos caramujar* estes cantos
em todos os cantos.
Na minha linguagem aérea,
morro de sede nas raízes,
mas ainda ouço esses violinos quebrados
tangendo folhas mortas.
Parece que me agrilhoa esse verbo mentiroso.
Aquele que brilha no orvalho,
mas detrói a flor.
Esta é a última face da minha arcana.
A palavra rompe a noite e o verbo se faz luz.
E as estrelas me caem todas
do seu pedestal etéreo, inanimado
e prisioneiro. Verborizei.*
Fiz-me dia.
(* licença poética)
(Direitos autorais reservados)