O condenado a morte
Antes de tudo só o silêncio de claras linhas e fieis contornos. Depois o vazio por dentro, a plenitude do nada, esvaziamento de todos os conceitos e fórmulas que julgamos infalíveis: o vácuo. Logo após, a busca, uma nova certeza do mundo, sendo este também, outro, mudado. Vêm de repente os prazeres da descoberta e novos perigos que nos aguardam bem à nossa porta. Juntamente com isto vem à pressa de entender o porquê de tudo isso e por que sempre tem que ser assim. De vez em quando pensar é uma saída e até um alívio. Entretanto há horas em que fazê-lo é involuntário e inevitável. Daí vir a angústia de todas as idéias, juntamente com o questionamento de todas as coisas – Fato já referido acima. Vem, depois, a necessidade de reavaliar; rever o que importa, se é que realmente importa; tentar limpar o que sobrou por dentro ou dar uma de forte mesmo sabendo que se está indefeso. É nessas horas em que a gente decide se chora ou sem ao derrama uma única lagrima. Visto isto, chega a hora em que queremos apenas a solidão. Que lhes interessa aos outros saber como estou? Já não vêem suficientemente de perto? Que Querem mais! Novamente pensar é inevitável e dormir é perda de tempo. Parar o relógio, entretanto, é impossível. Vem, então, a ansiedade – E essa, acreditem, é a pior parte. Andar de um lado pra outro só pra se lembras que ainda se está vivo. Em outros casos busca-se uma maneira de eficiente de esquecer, mas como faze-lo é que é meio difícil. O cansaço vem, o conformismo também, juntamente com o esvaziamento das forças e da mente. Não se teme mais nada, só espera-se o momento, E eis que chega o dia, e mais um, e depois outro e quantos mais se possa contar. Até que, enfim, chega a hora. E, depois, o nada.