Menos vulgar

Hoje eu acordei menos vulgar.

Olhei-me no espelho,

atrevi-me a resplandescer no côncavo dos

meus secos e doentios pulmões,

lancei ao chão o cigarro novamente,

despertei para a vida de besta de sempre.

Mas, permaneci menos vulgar, e isso soa estranho

para quem é dos outros.

Menos vulgar ou mais cristão?

Cristão ou cavaleiro templário?

Não me sinto mui bem...

Quero tornar ao meu estado vulgar,

ao que escreve sem receios,

ao que observa com os ouvidos, atentamente,

co'a cara na alma, co'o corpo sempre lavado de desejos !

Quero ver a palavrinha e o palavrão,

o modo besta nordestino,

o jeito imbecil dos inimigos,

a mentira ¨santa¨ dos amigos,

tudo, enfim.

Por que não ouço mais as tuas vozes, poeta interior?

Acaso foi o mefisto que te executou,

ou minhas neuras sentimentais atrapalharam o PROJECTO?

Tá faltando mais verve...

Em mim.

Em ti.

É que acabei de ler que tudo não passa de idiotice.

Será que tudo não passa de nós mesmos?

Será que não somos mais vulgares?

Marcos Karan
Enviado por Marcos Karan em 17/03/2010
Código do texto: T2143325
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