Espírito x poeta
Notei a maior diferença da vida nas passadas largas do meu caminhar.
(Marcos Karan)
Fé? Diz meu espírito confundido.
Fé em quê?
No abstrato,
na existência de Deus,
nos fundamentos da terra,
na mãe-madrasta natureza?
Fé nos princípios legais da nossa corte corrupta?
Fé nas bananeiras que enfeitam os quintais?
Fé na resoluta maneira de viver sob os mesmos aspectos vis?
Diz meu espírito novamente: fé é pra tolos !
Diz meu poeta interior: fé sim, aquela que me move,
nas palavras, às palavras, ao Deus que ainda não soltou minhas mãos, para que eu não venha a sucumbir.
Fé sim, no meu caminhar,
no ser caminhante, que ruma ao futuro,
que, diante da destreza desse mundo, torna-se menos ímpio
a cada passo.
Fé sim, para continuar a batalha,
para não desesperar-me,
para não ceder aos susurros do espírito...
Essa é a fé alheia que me move as pernas.
É isso o que de mais importante há em mim:
a palavra que brota e que perdura na mesma passada...
A firmeza,
a tendência,
a fé em meus conceitos humanos.