A Dama do Acaso
A areia do mar surgia branca sob os meus pés nus
As ondas como sempre a brincarem num vai e vem que hipnotiza
Por trás dos meus olhos a verdade
A percorrerem o corpo vestígios de ti
Memória de pele que não se esquece
Ainda mais neste instante e neste palco
Abre- se um cenário de penumbra
Estávamos os dois neste ambiente
Voltados e perdidos neste universo que se chama nós mesmos
E mesmo assim neste instante de aparente plenitude incompletos!
Olho-te por entre os dedos que seguram uma taça de vinho
Em teus olhos um matiz de cores que se traduz em algo frio, distante e impessoal
A música é suave e envolvente
Não lembro de todos os movimentos
Mas ao dar-me conta estavamos os dois envoltos num abraço de mútuas descobertas
O meu corpo já era tuas próprias sensações em mim
Éramos naquele momento instinto e surpresa
Estava a mercê do deslizar de tuas mãos
O meu rosto docemente enterrado em teu peito
Tuas mão nada bobas desciam insinuantes a explorar minhas costas
Tua boca mergulhava em meus cabelos
A pronunciar algo entre lábios
Beijo-te
E assim permitia-me estar em ti da forma mais íntima que poderia ser
Entre nós um sutil e mudo convite
Enquanto ousei pensar em fugir senti-me absurdamente nua em tuas mãos
E agora estávamos pele na pele
Lábios e sussurros
Toques e espasmos
Lua e noite a espreita da manhã